Eu só imagino como deve ser difícil a vida de quem se desdobra para conseguir mais atenção nas redes sociais - curtidas, comentários, compartilhamentos etc. Essas pessoas ficam ligadas em cada atualização dos apps, para descobrir que nova funcionalidade elas deverão aprender, usar e testar. Para mim, isso é uma inversão de papéis, porque no lugar das mídias sociais servirem aos seus interesses... são essas pessoas que servem aos interesses das plataformas.
Não lhe dá uma preguiça, só de pensar? Em mim, dá.
Seja no Instagram, Twitter, Facebook, Pinterest, Youtube, Spotify, TikTok, Medium, seu site ou aqui mesmo no LinkedIn, aumentar visualizações e engajamento é um jogo muito cansativo.
Nem sempre foi assim, especialmente quando eu comecei a jogar esse jogo, em outubro de 2010, quando criei meu primeiro blog, chamado Amigos Consultores, com o Rodrigo Donini. Lembro de um post meu sobre "gestão de projetos de marketing" ter chamado a atenção do Escritório de Projetos da Petrobras. Na época, troquei emails com o gestor da área, que me pediu uma proposta comercial.
Eu era consultor interno de uma empresa, ainda não sabia como me apresentar, como me vender e (muito menos) elaborar uma proposta.
Quer saber o que aconteceu? Nada, ele ignorou meu email super sincero e nunca mais nos falamos, mesmo depois que eu fundei a minha consultoria Oversize em 2011. A oportunidade chegou, graças ao marketing de conteúdo, mas eu não estava pronto.
Hoje, 12 anos depois, tudo está muito diferente. Estamos mais conectados, porém mais desatentos. A batalha pela nossa atenção tem exigido muito dos desenvolvedores dessas plataformas. Toda semana, algum desses apps lança uma nova funcionalidade. E, literalmente, vale tudo para manter um usuário conectado - porque isso traz mais interação com publicidade, principal fonte de receita das mídias sociais. Aliás, algo muito justo, se querem saber a minha opinião. Será que tem alguém ainda que acha que é realmente gratuito ter um espaço nessas plataformas?
As regras desse jogo sempre foram claras, e até me surpreendeu quando a Netflix lançou, em 2020, O Dilema das Redes Sociais (que inclusive foi resgatado dias atrás numa matéria bacana da Meio&Mensagem sobre o SXSW 2022) e vi muitos amigos chocados com os bastidores dessa engrenagem social. Realmente é assustador, mas acredito que todos nós concordamos com isso em algum momento das nossas vidas... quando demos um check no "Li e aceito os termos de uso dessa mídia XYZ". Quem leu? Risos.
Minha recomendação para quem está nesse jogo (ou pretende entrar nele) é a seguinte:vá para a direção oposta a que todos estão indo.
Vai fazer muito bem para sua reputação - porque vão perceber que você não é mais um no meio da multidão - e melhor ainda para a sua saúde mental. A quantidade de casos de Youtubers, streamers e influenciadores que teve episódios de depressão e burnout por "jogar esse jogo" é enorme.
Então, fica a dúvida que é o tema central dessa edição da newsletter: como um bom profissional pode obter reconhecimento em meio a esse mundo confuso, barulhento e cheio de gurus? Aqui vão três constatações que eu fiz, com ajuda das centenas de pessoas que tive o privilégio de atender:
I - Construa sua reputação segundo quem você é, não quem gostaria de ser.
Eu poderia falar aqui sobre essência, propósito e valores pessoais, mas isso merece um artigo especial. Vou trazer para a prática para lhe ajudar: antes de sair criando conteúdo e postando, faça uma lista:
- com todos os cursos que você já fez;
- com os livros de negócios que leu e implementou;
- com as metodologias que domina ou aprendeu;
- com as habilidades que você tem e já experimentou;
- e, claro, com todas formações formais que você tem, da Graduação ao pós-Doutorado.
Com essa lista, elabore uma biografia completa de quem você é hoje. Depois, escolha o tópico que você mais tem autoridade para comunicar através do marketing de conteúdo. Isso vai ajudar (e muito) as pessoas a conhecerem você pelo que você precisa ser conhecido.
II - Construa uma rede de relacionamento baseada em cooperação e colaboração.
Eu observo muita gente pedindo curtidas, comentários, que eu me inscreva nisso ou naquilo, enfim, que eu faça um monte de coisas. Entretanto, não é comum ver essas mesmas pessoas se doando e fazendo algo por quem elas imploram atenção. Algo genuíno, altruísta, sem esperar nada em troca.
Um dos princípios que sempre levei comigo, desde a minha faculdade de Relações Públicas, é que a gente contrói relacionamento a partir da nossa ação com o mundo, e não o contrário. O plantio sempre vem antes da colheita.
- Você viu algum amigo fazendo uma live no Instagram? Entra lá, assiste, comenta, apoie ele. Ao final, escreva uma mensagem inbox dando uma opinião sincera sobre o que gostou e, se for o caso, sugira melhorias.
- Alguma pessoa da sua rede lançou sua newsletter no LinkedIn? Vai lá e lê, compartilha para sua rede se gostou, ou envia para uma pessoa que você acha que fará sentido esse conteúdo. Aliás, fica a dica.
- Recebeu um e-mail de uma pessoa ou empresa pedindo que responda a uma pesquisa? Poxa, vai lá e responde. Faz na hora, se não nunca vai fazer depois. Pesquisas são muito importantes para ajudar a gente a melhorar processos e ter insights sobre onde investir energia, tempo e dinheiro. Não custa nada para você dedicar 5 minutos da sua vida, mas sua opinião pode fazer toda a diferença.
Não deixe que as coisas que você gosta de ver e ler sem um feedback seu. Além de procurar colaborar com o trabalho com meu conhecimento, há alguns anos eu me tornei "patrono" (alusão à plataforma Patreon, significa patrocinador) de produtores de conteúdo. Alguns deles, vocês talvez nem conheçam, mas eu mantenho uma mensalidade para ajudar os criadores que admiro. Entre eles, estão o perfil do Instagram @15coisaboa (que nos lembra que sempre há bons momentos para celebrar), o podcast Escriba Café (para colocar o fone e se "teleportar" para viagens históricas) e o podcast Noites Gregas (excelente para quem ama mitologia).
III - Construa novas fontes de receita e de reconhecimento.
Se tem algo que eu demorei muito a aprender a fazer, essa coisa é criar novas fontes de receita. Se pudesse voltar com o Delorean no tempo e dizer algo pro Chris dos anos 2000 seria para pensar desde jovem a construir diferentes fontes de receita a partir do conhecimento que eu adquiriria. E, se desse tempo, recomendaria a ele comprar algumas ações da Amazon (risos).
Entre as principais fontes de receita que eu sugiro para quem me pergunta, estariam:
- Um serviço de alto valor e complexidade, para executar algo que só você faz muito bem;
- Uma versão expressa do serviço acima, mais simples e intensiva;
- Um curso ou workshop online - de preferência ao vivo - sobre seu principal tópico de estudos e aperfeiçoamento;
- Uma mentoria individual, que possa acelerar a jornada de outros profissionais que querem se especializar no seu campo de trabalho;
- Uma palestra sobre esse tema, criada para inspirar, educar ou transformar a visão de pessoas sobre esse tema;
- Um livro do seu método, que mostre como alguém pode trilhar o mesmo caminho que você trilhou e seguir a partir dali;
- Um pacote de ferramentas de trabalho, que você mesmo use, como templates, padrões, modelos de documentos. Materiais que facilitariam a vida de quem quer executar processos que você ensina.
Cada uma dessas 3 constatações, consolidou os 3 Rs (Reputação, Relacionamento e Reconhecimento) da metodologia que construí, chamada de Estratégia de Liderança de Pensamento.
Se quiser entender como a minha consultoria pode lhe ajudar, acesse esse link de aplicação e agende um Encontro Estratégico comigo - é gratuito, e eu atendo 5 pessoas por semana, desde 2014. Eu vou estar do outro lado da telinha com um café moído na hora, lhe esperando para conversar por 25 minutos.
Ficou alguma dúvida que gostaria que eu respondesse? Escreva para mim, ou comente com sua pergunta. Quem sabe nas próximas edições eu consiga respondê-la.
Chris
PS: estou muito feliz que nessa segunda edição da newsletter já temos mais de 2.200 assinantes. Se você quiser indicar a Liderança de Pensamento para um amigo seu basta encaminhar esse artigo para ele ou use esse link de inscrição.